Só a antropofagia nos une.
Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.
Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.
Professor aprende. Aluno ensina. Professor é
gente, aluno é gente. Na cozinha de aula, somos
todos antropófagos.
Contra todas as ementas. Contra todas as
amarras. Matrícula, diário de classe, lista de
presença, notas, CR, AVS, TCC.
Pelo livre fluxo da faculdade pública.
Devir de casa.
Contra Efetivo, Adjunto, Substituto, Temporário.
Professor é gente. Somos todos antropófagos.
Coordenadores, Chefes da Tribo, Mestres,
Doutores. Temporário é o Ser Humano.
Devir de casa.
Contra power point com textos, contra todos os
powers. Aula é viva, aula é coletiva. Ritual.
Contra o conhecimento burocratizado. Aula é
viva, aula é coletiva. Ritual.
A alegria é a prova dos nove. Antropofagia.
Fazer aula, Fazer amor, Fazer arte.
União-criação. Antropofagia.
Aula-férias, aula-viagem, aula-carnaval,
aula-festa, aula-noturna, aula-lisergia.
Antropofagia.
Trabalho corporal, Trabalho braçal, Trabalho
mental. Trabalho Macumba Ebó.
Trabalho é energia. Aula é Trabalho Superior.
Energia Transcendental.
Viva Oroboro e a carta do Tarot.
Ilustração: Amanda Paschoal, www.facebook.com/ampasch
Revista Faladelas 
Marina Maria. Marina Corisco. Lampião. A busca do aluno-professor: do professor-aluno. Sublevação do gênero, da cor, do cheiro. Pleito. Profusão. Fronteiras. Fronteiras? Contra fronteiras? Mas são elas que nos permitem subvertê-las. Gostosas, então. No limiar, no desvio, na deriva.
Devir da não-expectativa. Do libertar, do corpo solto, palavra, silêncio. Entre Kandinsky e Matisse, e os índios Shipibo. Selva. Selva – Mãe. Presente raíz. Raíz da levitação. Aulas constantes, ao céu aberto, na sombra-luz, nos caminhos e veredas. No sono. Sob as bençãos dos Orixás, das plantas.
Você Marina, você.
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